Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

Ó, CANDIDATO, O QUE VOCÊ DIZ NÃO É O QUE VOCÊ É ! . . .

 

 

- Você prometeu diminuir a pobreza, mas está mesmo é dizimando os pobres.  Morar nas ruas é um efeito, não uma causa da miséria. A causa é a falta de trabalho que tira do indivíduo a mínima condição de moradia, em voga desde 1948, dotada de saneamento básico.  Faltaram trabalho, moradia e alimento para 1/4 da população brasileira.  Os sem terra (que queriam trabalhar) e os sem teto (que careciam de moradia) foram por você apelidados de "terroristas" e, para combatê-los, você armou (sem limite de armas) os legítimos e ilegítimos proprietários de terra.  Aumentou o número de homicídios no campo, sem culpados.  Não acreditamos que seja esse o melhor caminho para diminuir a pobreza, candidato!...

- Você prometeu reorganizar a educação, que, ao seu ver, estava "esquerdizada". Mas, seu único projeto, que ainda vem sendo discutido, é o de cingir a educação à área doméstica.  Uma ideia que deu certo na Alemanha nazista, quando se impôs à população o pensamento único.  Uma forma de manipular os educandos através de cartilha tendenciosa.  E olha, candidato, que não estou falando do escândalo de corrupção no MEC em nome de "deus", cujos corruptos e corruptores somente serão julgados depois das eleições.

- Você falou que não iria governar no formato antigo, mas hoje, pra sua salvação, quem conduz a administração do país é o antiquado "centrão".  O mesmo "centrão" que acaba de pôr em suas mãos mais de quarenta bilhões de reais para serem gastos agora e exclusivamente na sua reeleição.  Nada diferente de antigamente, quando, em cima da eleição, filas e filas se formavam à frente das casas dos candidatos mais bem aquinhoados (ou de seus cabo eleitorais) para a farta distribuição de tijolos, telhas e dentaduras, em troca de voto.  Depois da eleição, só sofrimento e escravatura.

- Você pediu há pouco, pela televisão, que os jovens respeitassem os seus pais e pessoas mais velhas, ouvindo e seguindo seus aconselhamentos.  Mas você desrespeitou toda a nação naquele fatídico encontro com seus ministros em 22/abril/2020.  Palavrões em profusão.  Também, em 07/setembro/2021, em plena comemoração da Independência do Brasil, você falou que, dali em diante, não respeitaria a qualquer recomendação partida do Supremo Tribunal Federal.  Um desrespeito à nossa suada democracia.

- Só uma coisa você disse que faria e fez.  Acabou com o Programa Bolsa Família, ao seu ver, um instrumento para a oposição ganhar a eleição.  Aí, criou o Auxílio Brasil:  uma tática para enganar os tolos.  Programa tem objetivo definido e o governo, qualquer governo de qualquer partido, se obriga legalmente a cumpri-lo. Seu término somente ocorrerá (ocorreria) quando o objetivo social de inclusão dos necessitados for(fosse) atingido.  Além do mais, tem suas exigências relativas à educação e saúde:  os pais beneficiados comprovam que os filhos frequentam a escola, assim como precisam apresentar os controles de vacinação dos filhos, anualmente, a fim de continuarem recebendo a Bolsa. Eis aí o ensinar a pescar.

Auxílio não é assim.  Nada se exige além do cadastro único.  Apenas é pago e pronto!   Como qualquer outro auxílio, cabe ao Executivo alterar o seu valor para cima ou para baixo, conforme o humor da economia, e até eliminá-lo definitivamente, como sói acontecer logo depois das eleições deste ano.

Desculpa-me, candidato, mas, vendo os cemitérios lotados de pobres sem féretro, não sei por que eu deva contribuir pra lhe reeleger.

Precisamos reencontrar o caminho do nosso futuro, do futuro das gerações mais novas, do futuro do nosso país.  Já regredimos demais.

 

                                        (www.fernandoafreire.net)

 

 

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Nota:

Crônica encaminhada para publicação na Revista Barbante,

edição de julho/2022 (www.revistabarbante.com.br)

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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 07/08/2022
Alterado em 07/08/2022


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