Fernando A Freire

Amar a dois sobre todas as coisas

Textos

NÃO!...  NÃO É O MITO QUE É MAU...

 

 

Ainda não nos livramos da escravidão:  uns a combatem, outros a alimentam.

 

Ainda não nos livramos do preconceito que dorme no berço de nosso inconsciente (ou de nosso não consciente).  Poucos aprenderam a não se considerar deuses, i.e., mais que perfeitos, super competentes, vitoriosos em tudo e acima de todos...

"Se tentas ser igual a mim, eu te derrubo;  se me ultrapassas, eu te elimino".

 

Ainda não nos livramos - e precisamos nos distanciar - das torcidas organizadas: 

"Se não torces pelo meu time, se envergas uma camisa que não é a da minha agremiação, mereces apanhar, mereces ser torturado até a morte".

 

Ainda não nos livramos e temos que conviver com verdadeiros ou inocentes genocidas. 

Paramos o nosso carro num semáforo, qualquer semáforo. Uma família de miseráveis logo nos estende as mãos. Pedem uma moeda ou um taco de pão. Não é raro ouvirmos o grito de repúdio, mesmo de pessoas que estão dentro de nosso carro: 

"Parem de fazer filhos!"... 

No caso, sugerem resolver um problema social eliminando, não o problema, mas o grupo vítimado por esse problema.  A isso chamamos de genocídio.

 

Indivíduos desse perfil, que não admitem a reprodução de filhos em grupos julgados mais humildes - só por estarem num andar social um pouco abaixo do nosso -, nunca se percebem criminosos; acham absolutamente normal a sua repreensão, o seu comportamento.  Pior:  estão sempre encontrando outros maus julgadores iguais, pois que "Os iguais facilmente se juntam" (Cícero).  São seres que fazem parte do nosso dia-a-dia, e os vemos, não raro:

- humilhando os mais humildes;

- aplaudindo os torturadores;

- desqualificando os guardiões da lei e os defensores dos direitos humanos;

- achando que índio é preguiçoso;

- gritando que negro tem que voltar para a África, com a sua cor, com a sua língua e com a sua religião;

- acreditando nas mentiras que nos enojam, mas que afagam os seus "ego"s...

Um detalhe:  há pouco tempo temiam os poderes constituídos.  Enquanto temiam, engoliam as suas maldades. A justiça podia puní-los se, eventualmente, os flagrasse descarregando as suas raivas, as suas vontades.

 

Aí, como num tremor de terra, tudo piorou de vez!...

A nação, numa eleição, sem sequer ouvir um debate - portanto, iludida -, escolhe como seu primeiro mandatário um "mito" à imagem e semelhança daquele ser envenenado pela fobia social. Um "mito" que criticava todos os programas que davam guarida às populações mais pobres;  do tipo que só admite em seu governo aquele que for do seu time, caso contrário deve ser eliminado;  um mito do tipo que desrespeita as instituições democráticas e estimula a sua queda.  Um mito que cada um daqueles genocidas que mencionei vai ver diante de si, ao se olharem num espelho.

 

Como ervas daninhas que crescem em lugar indesejado e atingem mortalmente a boa roça, esses indivíduos do mal, ao perceberem a calhordice ideal do seu mito, despertam do estado de letargia em que se encontravam e se veem livres e acobertados o bastante para exercer as suas atividades malévolas.   "Bananas para os poderes constituídos!".   A mentira tem sido o seu alimento, o seu sustentáculo.  As redes sociais, seus veículos de desinformação.   O armamento da população, com certeza, a grande oportunidade de, doravante, intimidar as suas vítimas e os seus semelhantes.  Defendem a má gestão da educação, conscientes de que se trata da repetição das intenções nazistas de manter o povo rude, controlado e desinformado.  Fazem festa para a queimada de florestas, uma razão forte para o seu gozo demoníaco. 

Imagine-se o todo:  um vulcão que se encontrava adormecido e que, inesperadamente, entrou em erupção para suas lavas destruirem a flora, a fauna, as comunidades organizadas e tudo mais que havia de bom a seu redor. Lavas que parecem nunca mais cessar.  Até quando?  Ora, até quando!?...

Retornamos celeremente ao tempo das cavernas.  Apagaram nossas tochas. Mergulhamos em ziguezague numa noite cuja escuridão não cessa.  Entregamo-nos à força de trogloditas que não raciocinam e que nos torturam se tentarmos encontrar a saída.  Estamos afundando em trevas "movediças".

"Os filhos das trevas são mais astutos do que os filhos da luz"

(Disse Lucas: fugindo do demônio e procurando Jesus).

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 27/01/2022
Alterado em 30/01/2022


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